Sebastian Steudtner (Alemanha) está sempre 100% comprometido com o seu plano A. Não tem plano B.
Esta mentalidade inspiradora - bem como uma preparação exaustiva - permitiu a Steudtner fazer história com a maior onda surfada (ilimitada) - masculina.
Ele quebrou o recorde em Outubro de 2020 na Praia do Norte, em Nazaré, Portugal, quando surfou uma onda que media impressionantes 26,21 metros (86 pés).
O vídeo do seu grande desafio tornou-se recentemente viral e, com seu feito, Steudtner ganhou o prêmio Biggest Tow Award no Red Bull Big Wave 2021.
Agora com 37 anos, Steudtner tem perseguido as ondas por toda a sua vida.
Quando ele tinha apenas 13 anos, decidiu se mudar para o Havai.
Três anos mais tarde, aos 16, conseguiu finalmente convencer os seus pais e, sozinho, deixou a Alemanha rumo ao paraíso dos surfistas, para tentar uma carreira no surfe.
Não foi fácil, recorda ele, e muitos não apoiavam nem compreendiam a sua decisão de se mudar para o outro lado do mundo.
Contudo, essa decisão arriscada valeu a pena: hoje Steudtner é um dos surfistas mais famosos do mundo. Ele coleciona muitas vitórias e, agora, um título de Recorde Mundial do Guinness.
"É uma sensação incrível,", diz Steudtner a respeito do seu novo título.
"Eu consegui tudo o que há para se conseguir no meu esporte. Tem sido uma viagem complexa para chegar aqui, e o recorde é muito mais do que apenas um número".
"Parabéns a Sebastian por este incrível feito", disse Jessi Miley-Dyer, Chefe de Competição da World Surf League e primeira Campeã Junior da Liga Mundial de Surfe.
"Estamos muito orgulhosos dele por ser o novo detentor do título do Guinness World Records masculino para a maior onda surfada (ilimitada)".
Com a presença de um Adjudicador do Guinness World Records, a conquista foi oficialmente anunciada durante uma apresentação especial de certificado em 24 de Maio de 2022.
O evento aconteceu no famoso farol que vigia as ondas recordistas da Praia do Norte, Portugal.
O mesmo farol pode ser visto no vídeo épico que imortalizou o incrível recorde de Steudtner.
"Na manhã do dia 29 havia uma incerteza enorme. O que vai acontecer agora, como vai ser, como vai ser estar de pé na prancha pela primeira vez depois daquela longa pausa? Entãos prevaleceu a sensação de ter esperado seis meses por isso, e eu estava feliz por finalmente voltar a surfar".
"O dia foi muito, muito intenso". - Sebastian Steudtner
"Nunca experimentei tanta energia nas ondas, nunca fui tão rápido numa prancha de surf".
O atleta recordista ganhou o prêmio da World Surf League Biggest Wave Award (prêmio para a maior onda surfada, concedido pela Liga Mundial do Surfe) três vezes - em 2010, 2015 e 2021.
Durante todo o ano, ele se prepara para competições com sua equipe.
Enfrentar cada onda e não arriscar um acidente grave é importante para assegurar a melhor preparação possível, mental e física.
"É um ano de muito treinamento físico, trabalhando no meu equipamento juntamente com os meus parceiros e melhorando os processos com a minha equipe, especialmente em termos de segurança e de mídia".
Durante o treino, a parceira de grandes ondas de Steudtner é a brasileira Maya Gabeira, a atual detentora do título para a maior onda surfada (ilimitada) - femenino.
Gabeira bateu o seu recorde em 2020, surfando uma onda de 22,4 metros (73,5 pés) também na famosa Praia do Norte, na costa da Nazaré.
Mas como é possível medir algo tão explosivo, mutante e rápido como uma onda gigante?
A precisão da medição da onda pode variar em função de vários fatores, desde condições meteorológicas até ângulos e qualidade das filmagens.
Neste caso, para assegurar a máxima precisão, foram extraídos vários frames das filmagens de vídeo e estes foram corrigidos geometricamente com base na posição e inclinação da câmara.
Depois, foram utilizados objetos conhecidos (como o próprio Steudtner) para medir e converter pixels em pés.
Graças a este processo, foi possível confirmar que Steudtner tinha ultrapassado o recorde anterior - que tinha sido quebrado por Rodrigo Koxa (Brasil) em 2017.
Koxa pegou uma onda recordista em 8 de novembro de 2017, no mesmo local da Praia do Norte, em Nazaré.
A costa é famosa por suas ondas titânicas e poderosas graças à presença do Canhão de Nazaré, um cânion submerso que cria as melhores condições para ondas recordistas.
No momento que Steudtner define como um auge em sua carreira, ele superou a medida de Koxa por 1,80 m e bateu o recorde.
"Outubro de 2020 também foi um auge: tudo se juntou naquele dia", disse o surfista alemão ao jornal espanhol Marca. Também foi o mais rápido que eu já me senti em uma prancha de surfe.
"Eu tinha lágrimas caindo dos meus olhos por causa do vento, o meu rosto estava derretendo. Era uma loucura. Não imaginava que isso pudesse acontecer no surfe até aquele dia".
Steudtner trabalha arduamente para se preparar para competições e pretende estar sempre num estado de preparação completa (mental e física) e de confiança.
Ele precisa confiar em si próprio, mas também nos seus pilotos de jet ski e na sua equipe de segurança.
No entanto, também relata ao Marca que, quando se trata de más experiências, "o maior medo que já tive nunca foi por mim, mas pelas outras pessoas".
É por isso que Steudtner é também cofundador e presidente da Nazaré Surf Rescue Association (NSRA).
Através desta associação, ele se esforça para melhorar os padrões de segurança no surfe de grandes ondas.
Quanto ao futuro, Steudtner continua a sonhar alto.
"O sucesso me motiva ainda mais", diz Sebastian.
Neste momento, ele está analisando cada detalhe das suas performances para direcionar as áreas onde pode melhorar.
"Ainda há muito espaço para melhorias", diz ele, "especialmente no lado tecnológico deste esporte".
No futuro, isso poderá significar mais recordes para ele - e estamos ansiosos para ver que desafios Steudtner irá enfrentar a seguir.
"O sucesso me faz querer ir além dos meus limites e ver o que mais é possível alcançar".
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